domingo, 7 de novembro de 2010

Cantiga - Cecília Meireles

Ai! A manhã primorosa
do pensamento...
Minha vida é uma pobre rosa
ao vento.

Passam arroios de cores
sobre a paisagem.
Mas tu eras a flor das flores,
imagem!

Vinde ver asas e ramos,
na luz sonora!
Ninguém sabe para onde vamos
agora.

Os jardins têm vida e morte,
noite e dia...
Quem conhecesse a sua sorte,
morria.

E é nisso que se resume
o sofrimento:
cai a flor, - e deixa o perfume
no vento!

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Primeira mulher a alcançar destaque no cenário da poesia brasileira, Cecília Meireles escreveu vários livros de poesia em que desenvolveu as tendências da corrente espiritualista da segunda geração.
Na obra "Cantigas", a vida é apresentada metaforicamente como uma rosa. O eu lírico cria a analogia a partir da ideia de que os seres humanos se apegam às aparências (à imagem), que estão destinadas a desaparecer com a passagem do tempo. A regularidade dos ciclos da natureza (vida e morte, noite e dia) comprova a transitoriedade da vida. Na última estrofe, revela-se a razão do sofrimento humano: as lembranças do passado (o perfume da rosa) continuam a existir, mesmo depois da destruição da forma que as gerou.

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