domingo, 24 de outubro de 2010

A vaguidão específica

Millôr FernandesLa Insignia. Brasil, fevereiro de 2005.

"As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica."-Richard Gehman-

- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando choveu?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse pra ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima?
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
- Está bem, vou ver como.
............

O papel do falante: ocultar ou revelar suas intenções

Em uma determinada situação de interlocução,caberá sempre ao falante escolher os enunciados que melhor se ajustem aos seus propósitos.Se desejar colaborar com o seu interlocutor, escolherá enunciados que não o confundam, que deixem claros seus pontos de vista, que respondam às perguntas feitas.
Caso a intenção do falante seja deixar subentendido o que pensa, permitir a dupla interpretação de suas palavras, usará a linguagem para criar efeitos de sentido que levem o interlocutor a descobrir essas ambiguidades, sem que ele tenha de revelá-las abertamente.
A leitura do texto sugere que essas duas mulheres sabem muito bem sobre o que estão falando. O leitor, porém, não é capaz de identificar as referências que podem atribuir um sentido específico aos enunciados do diálogo. Isso acontece porque ele não tem conhecimento do contexto em que se produziu essa interlocução.
O humor do texto nasce da impossibilidade de compreensão da conversa das duas mulheres.

sábado, 23 de outubro de 2010

A Herança

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:
'Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a contado padeiro nada dou aos pobres.'
Morreu antes de fazer a pontuação.
A quem deixava a fortuna?
Eram quatro concorrentes.
1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.
Moral da história:A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é que fazemos sua pontuação.E isso faz toda a diferença...

Orações Coordenadas

ORAÇÕES COORDENADAS _________________________________________ Exercícios Classifique as Orações Coordenadas Sindéticas: O1 - Nã...